quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Troca de felicitações natalícias entre as Igrejas de Jerusalém

Neste 27 de dezembro, as comunidades religiosas cristãs dos distintos ritos (e especialmente as que compartilham o vínculo do Status Quo) se reuniram para trocarem as felicitações natalícias segundo uma tradição já consolidada e que é também um gesto simpático e fraterno de ecumenismo. Pela manhã, visitou o convento de São Salvador as delegações das igrejas Greco-ortodoxa, armênia e etíope, que foram recebidas na Sala do Divã pelo Padre Pierbattista Pizzaballa, Custódio da Terra Santa, e pela fraternidade de São Salvador, e todos guiados por seu guardião, o Padre Artemio Vitores.

O encontro segue um cerimonial fixado que se repete em cada visita: o chefe da delegação que visita saúda o responsável da casa e a comunidade agradece o convite e dá a felicitação de Natal, manifestando seu desejo de prosperidade e bem para o futuro e reafirmando os vínculos de amizade; o responsável da casa o agradece e lhe deseja as mesmas felicitações; continuando, servem-se os licores e doces, momento no qual se estabelecem as conversas informais com os vizinhos; logo se serve o café, que é também sinal de que o encontro chega ao fim, e ao final todos se despedem cordialmente.

Durante a manhã, os franciscanos foram visitar os melquitas, regressando depois para receber a delegação das igrejas copta e siríaca. Depois da Epifania, serão os franciscanos que irão felicitar as igrejas orientais.

Pela tarde, a delegação católica latina fez sua visita, guiada pelo Patriarca, Mons. Fuad Twal, acompanhado por Mons.William Shomali, bispo auxiliar, e Mons. Kamal Bathish, bispo auxiliar emérito de Jerusalém. Naturalmente, o encontro com a delegação latina se desenvolveu em um clima menos formal. O Patriarca e o Custódio, além das felicitações, trocaram impressões sobre a caminhada das celebrações natalícias em Belém, que são sempre fruto de uma estreita colaboração no plano organizacional e de serviços. O Patriarca trocou um afetuoso abraço com o Padre Justo Artaraz, que nestes dias celebrou seu sexagésimo aniversário presbiteral. Os seminaristas franciscanos deram o toque alegre ao encontro com cantos natalícios.

FRC

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos
http://www.custodia.org/Intercambio-de-felicitaciones,9174.html?lang=it

Festa dos Santos Inocentes em Belém


Depois de um número recorde de peregrinos e turistas no Natal, paz e quietude retornaram à cidade onde Jesus nasceu.

Em sua peregrinação a Belém, em 28 de dezembro, para celebrar a memória dos Santos Inocentes, os franciscanos da Custódia da Terra Santa não esperaram ter de fazer seu caminho por uma multidão de fiéis para conseguirem celebrar a Missa Votiva em São José da Gruta, próxima ao altar dedicado aos pequenos mártires. Assim foi o que aconteceu. Sem consultar uns aos outros, muitas religiosas, irmãs do Rosário, irmãs de São José, irmãs franciscanas, irmãs de Madre Teresa, irmãs brigidinas e mesmo irmãs beneditinas, que geralmente são enclausuradas, todas tiveram o mesmo impulso de “visitar e rezar nos lugares santos entre a multidão.

Entre todos criou-se uma atmosfera fraternal e de intimidade durante a Missa presidida pelo Padre Artemio Vitores, o Vigário Custodial. Em sua homilia, ele recordou quão antiga era a tradição dos Santos Inocentes, mencionando não somente os Evangelhos, mas também na tradição da Igreja, com a referência da festa no sacramentário leonino, dos inícios do século V. Padre Artemio então recordou os dramas dos quais as crianças no mundo de hoje são vítimas, incluindo seu nascimento, convidando a assembleia a lembrá-los em suas orações. No final, o Vigário concluiu sobre o que o apelo “voltar a ser como uma criança” pode significar hoje.



Padre Artemio e os estudantes do seminário, que o acompanharam para servir e cantar a Missa, ficaram em Belém para partilhar a refeição com a fraternidade local e mais uma vez de novo, todos os irmãos retornaram juntos à Gruta pela tarde para lembrar os santos inocentes, durante o ofício das vésperas, antes de retornarem à Jerusalém.

Mab

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos
http://www.custodia.org/Feast-of-the-Holy-Innocents-in,9172.html?lang=it

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Belém celebra o Natal com alegria


Sexta-feira, 24 de dezembro. A cidade de Belém celebrou durante 24 horas, sem interrupção, o nascimento de Cristo, ocorrido entre seus muros há pouco mais de 2000 anos. Se todos os dias do ano o mistério do Natal se oferece à contemplação dos peregrinos, no dia do Natal a cidade traz ao mundo a alegria da contemplação do nascimento. Todas as câmeras de televisão do mundo se voltam para ela, uma cidade que desfila ao som dos escoteiros.

Neste ano, 23 grupos percorreram a cidade em um longo e alegre desfile. De 9h da manhã às 13h30 prepararam o caminho para o Patriarca que, saindo de Jerusalém quase ao meio dia, depois de uma parada em Mar Elias e outra na Tumba de Raquel, entrou na cidade fechando o desfile com um cortejo de cerca de 140 automóveis. O bom tempo, ou a alegria de ver tanta gente no caminho, rostos por todos conhecido, animou os motoristas a levarem todo o tempo do mundo, mesmo tendo saído segundo a hora fixada e chegando à Tumba de Raquel conforme o previsto, chegando o carro do Patriarca na praça do Presépio com um grande atraso. O folclore, realizado desde a manhã pela cidade, cedeu lugar às orações que se celebraram na igreja de Santa Catarina e na Gruta para cumprir com o horário imposto pelo Status Quo.

Rapidamente se passou para a entrada solene, sendo frei Stéphane Milovitch o que recebeu Sua Beatitude Monsenhor Fuad Twal diante da porta da Humildade; logo, sem pausas, celebrou-se as Vésperas na Santa Catarina e a procissão à Gruta. Somente às 17h os frades da Custódia da Terra Santa – nesta ocasião tão numerosos quanto na paróquia da qual são encarregados e na Gruta cujo cuidado compartilham com os gregos ortodoxos e os armênios – puderam desfrutar de um momento de descanso. Finalmente, enquanto os sacristães estavam concentrados com os últimos preparativos, outros frades partiram para dar lugar aos 1900 peregrinos que haviam conseguido entrar.



Segundo a tradição, antes da missa se partilha o jantar com o Presidente da Autoridade Palestina, Muhmud Abbas, Abu Mazen e seu séquito. Um jantar presidido pelo Custódio da Terra Santa com o Patriarca ao seu lado.

Neste ano, o grande número de peregrinos que visitou a cidade da Natividade favoreceu uma melhora visível em sua economia que, sem esquecer a barreira de segurança e suas nefastas consequências na população e no comércio, permitiu à cidade celebrar o Natal com alegria. Uma alegria que, contudo, foi abafada por dois acontecimentos: o incêndio no Monte Carmelo que custou a vida do irmão do coronel israelense encarregado do distrito de Belém e ao qual todas as autoridades, cargos públicos e eclesiásticos de Beit Sahur e Beit Jala prestaram suas condolências; e o acidente mortal sofrido no mesmo dia por três das cinco irmãs franciscanas que vinham a Belém do Monte das Bem-aventuranças.

O acidente das irmãs franciscanas afetou profundamente a Custódia, que tem uma relação muito próxima e fraterna com as distintas comunidades do país. Os franciscanos acrescentaram na oração universal dos fiéis uma invocação especial ao Senhor pelas irmãs falecidas, assim como por toda a Congregação.

Foi uma missa muito bela, presidida pelo Monsenhor Fuad Twal, rodeado pelo presidente Mahmud Abbas e seu séquito, junto aos cônsules gerais das quatro “Nações Latinas” (Itália, França, Espanha e Bélgica) e por uma grande assembleia constituída em sua maior parte por peregrinos, religiosos residentes no país e algum cristão local. Os cristãos locais cedem com grande prazer seus lugares aos peregrinos, pois preferem celebrar a alegria do Natal à meia-noite, em sua língua, junto a seus paroquianos e na mesma Gruta.

Além disso, a homilia de Sua Beatitude foi em árabe, precedida por palavras de acolhida e felicitação natalina em quatro línguas, para os telespectadores da missa através do mundovisão. Muitos cristãos locais, latinos e outros, seguiram a celebração pela televisão, escutando a mensagem de Sua Beatitude que invocou o respeito à vida, a atenção pelas crianças e a vigilância sobre o espírito familiar. Depois recordou que este foi um tempo forte para todos os cristãos do Oriente Médio com o Sínodo dos Bispos, pedindo pela unidade dos cristãos e a intensificação do diálogo com nossos irmãos judeus e muçulmanos. “Trata-se de reunir-nos em torno de nossos valores comuns, que são numeroso, como a oração, a piedade, o jejum, a esmola e, sobretudo, os valores éticos”.


O Patriarca concluiu sua homilia com uma chamada à paz: “Nosso desejo para esta festa é que o som dos sinos de nossas igrejas cubram o rumor das armas neste nosso Oriente Médio tão ferido. Que a alegria se desenhe em todos rostos, que a alegria penetre em todos os corações. Rezemos pela paz. Desejamos que a paz desça sobre o povo de Israel, assim como sobre o povo da Palestina e sobre todo o Oriente Médio, para que nossos filhos possam viver e crescer em um contexto sereno”. Como já é tradicional, a delegação palestina se retirou depois do gesto da paz e a missa continuou até concluir com a procissão dos padres à Gruta.

Entretanto, as festas do Natal não acabam aqui. Durante toda a noite e durante todo o dia de Natal, até às 16h30, as missas se sucedem. Para assegurar este serviço, os sacristães franciscanos se organizaram em equipes para o dia e para a noite, com reforço dos estudantes de São Salvador. Cerca de quarenta missas serão celebradas na gruta e nas capelas da igreja de Santa Catarina nestas 24 horas, sem contar com todas as que se celebram no Campo dos Pastores. A missa do dia da paróquia se celebrou inteiramente em árabe e foi presidida pelo novo Patriarca. Foi recebido o agradecimento de frei Marwan Di’des por sua presença e por poder, como um verdadeiro padre, reunir todos seus filhos dispersos por todo o país, de norte a sul, passando por Gaza.

Os cantos natalinos seguem soando nos arredores da Basílica da Natividade, mas os jornalistas já abandonaram a praça. Em Belém, a festa não terminará até que todas as confissões cristãs tenham celebrado seu Natal. Será em 19 de janeiro, festa do Natal para os armênios. Neste dia simbólico de 25 de dezembro, a Custódia deseja um feliz e santo Natal a todos.


Mab

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos
http://www.custodia.org/Belen-celebra-la-Navidad-con.html?lang=it

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Peregrinação natalícia ao Campo dos Pastores


Na tarde do dia de Natal, os frades da Custódia da Terra Santa foram a Beth Sahur, nos dois santuários que recordam o lugar do aparecimento dos anjos aos pastores, um greco-ortodoxo e outro custodiado pelos franciscanos. São as assim chamadas “peregrinationes”, peregrinações que os frades realizam por séculos para rezarem nos lugares que viram os santos eventos no mesmo dia em que se comemora liturgicamente.

O grupo dos franciscanos foi guiado pela primeira vez por P. Stéphane Milovitch, novo guardião do convento de Belém, e mais vinte frades (os outros estavam ainda empenhados nos serviços natalícios solicitados nos outros santuários). A oração na gruta ortodoxa teve início com a Ladainha dos santos, seguida da leitura do Evangelho dos pastores (Lc 2, 8-14) em árabe e latim. No momento em que a passagem evangélica diz que os anjos cantaram o Gloria in excelsis Deo, também os frades entoaram o Gloria e a antífona gregoriana “Angelus as pastores”. A celebração no Campo dos Pastores ortodoxo concluiu-se com o cano “Adeste Fideles”.

Em seguida, os frades foram ao Campo dos pastores latino, onde tiveram de se colocar
entre uma multidão de fiéis. De fato, na noite e no dia de Natal, o santuário franciscano é
particularmente cheio de peregrinos que com os “pastores” vêm celebrar a santa missa de Natal. O responsável do santuário, P. Arkadius, calculou-os sessenta e quatro, entre as quais duas missas celebradas pela comunidade filipina, cada uma com ao menos 150 pessoas. O canto italiano “Tu scende dalle stelle” introduziu a liturgia, mais breve que a precedente, com o mesmo evangelho, proclamado desta vez em italiano. Depois da intercessão, da oração do Pai Nosso e da bênção, o canto “Puer natus in Bethlem” concluiu a peregrinação natalícia dos “Frades da Corda”.

FRC

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos
http://www.custodia.org/Pellegrinazione-natalizia-al-Campo.html?lang=it

Missa da Noite de Natal na Gruta de Belém


“Nós somos sortudos. Podemos celebrar os mistérios de nossa salvação aqui, na gruta onde Jesus nasceu, na manjedoura onde o Menino Jesus esteve deitado, no mesmo lugar onde esses eventos aconteceram. Deixemo-nos levar vantagem completa dessa oportunidade, rezando intensamente pela paz, especialmente na Terra Santa e em Belém”. O pároco de Belém, Padre Marwan Di’des, introduziu a Missa da Noite de Natal na Gruta de Belém com essas palavras.

Talvez nem todos saibam que enquanto a solene Missa da Noite, presidida pelo Patriarca Latino e concelebrado por diversos padres, é celebrado na igreja franciscana de Santa Catarina, na presença das autoridades diplomáticas e com uma liturgia e música solenes, outra Missa da Noite é celebrada ao mesmo tempo na Sagrada Gruta. Existem razões práticas e históricas para isso: a Gruta pode suportar não mais que doze pessoas em seus 30 metros quadrados, por isso a liturgia é celebrada “na parte superior”: somente no final que o Patriarca desce à Gruta carregando a imagem da Criança e então retorna para a grande igreja para a conclusão, depois de primeiro tê-Lo colocado na estrela que marca o local exato do nascimento na manjedoura, onde permanecerá por poucos dias, protegido por um caixa de vidro.

Tudo aconteceu à uma e meia da madrugada; a Gruta pôde permanecer vazia e silenciosa da meia-noite à uma hora e trinta, esperando o Menino, mas nós estamos aqui em Belém, na Terra Santa, onde regras e tradições têm sido aprovadas e bem ajustadas através dos séculos, enquanto tem de ser reivindicadas e declaradas a cada dia com o risco de perdê-las (o famoso Satus Quo dos Santos Lugares); e então naqueles noventa minutos, os “Latinos” puderam celebrar três Missas (duas foram celebradas neste Natal).


Enquanto o Padre Marwan e o vigário paroquial, o Padre Haitham, estavam já prontos na Sacristia, uma dúvida de repente surgiu: pode-se cantar com acompanhamento de violão na Gruta? O Status Quo não vai até esses detalhes e então a melhor decisão tem de ser tomada sabiamente e baseada na experiência. Isso já aconteceu? Sim, no ano anterior, mas os sacristães não sabiam. Quando isso foi feito, nenhum dos que podia reclamar, ou seja, os gregos e os armênios que são os “co-proprietários da Gruta”, reclamaram, e isto é um ponto a favor. Se o certo é uma Missa cantada, os outros não podem interferir no como é feita, ou seja, nos detalhes litúrgicos do rito alheio. Já isso aconteceu no Santo Sepulcro? Talvez com os neo-catecúmenos, mas na capela interna dos Cruzados. O problema logo se transformou numa questão “interna”: é permitido e oportuno usar violão, especialmente na ausência de órgão? Todo esse raciocínio, em que a liturgia, a lei e a história estão entrelaçados, tiveram de ser feitos e foram feitos em cinquenta segundos, quando a hora já havia chegado e o coro na igreja já havia começado o Glória na Missa da Noite. O Padre Marwan tomou a decisão: tudo bem para os violões. Enquanto ele atravessa a igreja, troca olhares com o Guardião de Belém, Padre Stéphane Milovitch, que é também responsável pelo Status
Quo: “Temos violões, e não há problema, certo?” Padre Stéphane sorri e acena consentindo. Conclusão da questão: todos chegam na Gruta, mas não há violões e o canto é a capella. A Missa é rezada pelo Pároco de Belém e então é completamente em árabe. Todos os cantos, incluindo o Hino de Natal, é em árabe. O Evangelho, cantado com melismas e modalidades de sua cultura musical, é particularmente sugestivo, também porque o Padre Marwan canta muito bem. Sobre o altar da estrela, os gregos colocaram seu grande ícone, na qual não estava à tarde durante a procissão. A Missa foi celebrada na manjedoura, no altar erigido no lugar onde os Magos estiveram em adoração ao Menino Jesus: esse é o único lugar onde os Latinos podem celebrar. Há um clima de grande
devoção e intimidade.


Quando a Missa acabou, os celebrantes e parte da assembleia saíram, enquanto alguns italianos entraram na Gruta com os padres que celebrariam na última meia hora, o vigário paroquial, padre Rami Asakrieh e o Padre Jerzy Kraj, que até o último ano foi o guardião do Convento de Belém. Padre Rami começa a Missa em árabe, mas olhando a assembleia, continua em italiano. A Missa é sem canto, como somente restam meia hora, mas ao fim alguém começa a cantar “Você pode vir das estrelas” enquanto os padres retornam à sacristia. Agora, todos têm de sair, porque a Gruta tem de ser preparada de novo para o momento solene presidido pelo Patriarca Latino Fouad Twal. É
Natal de novo em Belém.

Frei Riccardo Cerani

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos
http://www.custodia.org/Midnight-Mass-in-the-Grotto-of.html?lang=it

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Natal 2010: mensagem do Custódio


Paz e bem: A saudação de são Francisco nos ajuda a saborear a eterna novidade do Natal, acompanha-nos para a verdade, afastando-nos de tudo aquilo que empobrece e torna ambíguo o significado desta festa. Não deixemos que passe em vão este enésimo, embora sempre novo, Natal.

O natal não pode deixar de inquietar-nos: é uma festa que parece ter perdido seu sentido mais íntimo e autêntico, e que nos leva a perguntar quem é para nós aquele menino, a ver Deus em um menino, a crer em um Deus que escolhe encerrar toda a sua grandeza na pequenez da nossa humanidade.

E o Natal não é somente Jesus que nasce em Belém, onde nasceu historicamente há pouco mais de dois mil anos atrás. Natal é Jesus, Filho de Deus, que também este ano, como a cada dia desde quando se é encarnado, para os homens do seu tempo e para cada um de nós hoje, espera que deixemos um lugar para Ele, espera de nascer no nossos corações. O Natal é um tempo de conversão. É aceitar e responder às esperanças de Deus.

Chamados pela fé a esperá-lo na sua glória, o Natal vem fixar a nossa atenção na infinita espera de Deus para que a humanidade encontre um lugar para Ele na história cotidiana, na vida de todos os dias, na solidariedade humilde que nos pediu Jesus mesmo, assegurando-nos: Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo; dizendo-nos também onde podemos encontrar os seus olhos e as suas mãos, por onde caminhar juntos e para onde dirigir o nosso olhar no horizonte pelo qual Ele voltará: pobres sempre os tereis convosco…

Não o deixemos passar em vão. Que a palavra de Deus nos ajude e nos guie a conservar a esperança, enquanto esperamos que venha o Senhor da Glória.

O menino Jesus nos livre do medo de estar no dia-a-dia da história, na solidão de quem não sabe fazer-se dom aos outros, e nos reúna em um movimento coral onde nos descobrimos transladados pelo amor e capazes, pela graça, de levar avante esta parte da história, única e preciosa, que o Senhor colocou entre as nossas mãos.

Que o Natal seja para todos esta conversão do olhar, de dar-nos conta de que o Reino de Deus avança, antes é já presente; que eu, nós, todos juntos, podemos fazer com que realmente se torne presente. Eis agora a necessidade de olhar a criação, olhar o mundo, olhar o Oriente médio, esta “nossa” Terra Santa – Terra de Deus e Terra dos homens – “do alto”, com o olhar de Deus. Façamos nossa, com audácia, humildade e força, com a coragem e a fantasia do sonho que se torna realidade se somos muitos a sonhá-lo, as palavras do Papa Bento XVI na inauguração do sinodo dos Bispos do Oriente médio: “olhar esta parte do mundo pela perspetiva de Deus significa reconhecer nela o berço de um plano universal de salvação no amor, um mistério de comunhão que se realiza na liberdade e por isso pede aos homens uma resposta”. A cada um é dada a responsabilidade de acolher a proposta Daquele que nos criou e que renova em nós, a cada dia, a sede de sermos felizes.

Não deixemos que passe em vão. Respondamos à esperança de Deus, que se fez menino para que pudéssemos andar até Ele como se Ele necessitasse de nós, por que a certeza da nossa esperança está no saber que Deus nos espera, pacientemente, desde muito tempo.

Acolhidos pela Sua esperança, renovados pelo seu perdão e pela sua graça, homens de misericórdia e de reconciliação, de liberdade e de justiça, seremos capazes de escutar – em meio aos ruidos da nossa confusa realidade – o anúncio dos anjos: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados.

Feliz natal!

http://www.custodia.org/Natal-2010-mensagem-do-Custodio.html?lang=it

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Cristãos e Judeus discutem sobre o Sínodo dos Bispos para o Oriente


Uma vez regressados os bispos da Terra Santa da Assembleia especial do Sínodo para o Oriente Médio, multiplicam-se as iniciativas nos diferentes países para apresentar aos fiéis e a todos aqueles interessados nas reflexões as questões que se estudaram, as perguntas que foram feitas e os meios para levar a cabos as 44 resoluções finais que se publicaram por motivo deste momento tão intenso para a Igreja da região.

Um destes encontros foi o que se celebrou em Jerusalém na quarta-feira 15 de dezembro. Sua dupla originalidade se baseia, em primeiro lugar, no fato de que tal encontro foi organizado pela Assembleia dos Ordinários da Terra Santa em colaboração com o Instituto de Jerusalém para os Estudos sobre Israel (Jerusalem Institute for Israel Studies - JIIS), o Centro de Jerusalém para as Relações Judeo-Cristãs (Jerusalém Center for Jewish-Christian Relations JCJCR) e o Conselho de Coordenação Inter-religiosa em Israel (Interreligious coordinating Council Israel ICCI); e, em segundo lugar, pelo fato de que se desenvolveu em língua hebraica.

O primeiro grupo de oradores foi formado por pessoas que viveram o Sínodo do lado de dentro.

Monsenhor William Shomali, bispo auxiliar do Patriarcado Latino de Jerusalém, expôs as intenções e finalidades do Sínodo. Foi o único orador que utilizou o inglês para falar.

O padre Pierbattista Pizzaballa, Custódio da Terra Santa, falou – assim como na Assembleia de Roma – sobre a universalidade da Igreja da Terra Santa.

O padre David Neuhaus, Vigário patriarcal encarregado da comunidade católica de língua hebraica, evocou o papel importante da língua hebraica no Sínodo, descrevendo-o como uma agradável surpresa para os israelitas.

De fato, esta foi a primeira vez que a Rádio Vaticana abriu uma página diariamente atualizada em língua hebraica, realizando traduções e entrevistas. Este trabalho, sustentado economicamente pela Custódia da Terra Santa, funcionou durante a Assembleia graças à Hanna Bendcowsky, do Centro de Jerusalém para as Relações Judeo-Cristãs. Este serviço está programado para continuar, embora esteja interrompido até que se consiga criar uma equipe capaz de assegurá-lo a longo prazo.

Também interveio Hanna Bendcowsky, israelense e judia, para partilhar sua experiência em meio aos prelados e sua percepção sobre a dinâmica do Sínodo. Ela, entre outras coisas, não imaginava que um dia se encontraria fumando um cigarro e compartilhando café com homens de hábito... nada mais e nada menos do que os cardeais do Vaticano! Havia algo surrealista e apaixonado na forma em que Hanna viveu as relações judeo-cristãs e como o Centro de Jerusalém as expressou. Por outro lado, a reunião se abriu com um minuto de silêncio em memória de Daniel Rossing, fundador do centro e recentemente falecido.

Antes de Hanna, falou o Sr. Soubhi Makhoul, diácono e administrador do Exarcato maronita de Jerusalém, que falou da presença de leigos (entendendo por leigo o cristão comprometido mas não “clérigo”), em particular dos jovens e das mulheres nos trabalhos do Sínodo.

Depois destes breves testemunhos, houve outras três intervenções de judeus israelenses que falaram de forma mais geral sobre as dificuldades que subsistem no diálogo entre judeus e cristãos, e especificamente em Israel, sobre a ignorância ou a indiferença dos judeus com relação ao cristianismo, alimentando as polêmicas tradicionais.

O Sr. Ammon Ramon, investigador do Instituto de Jerusalém para os Estudos sobre Israel, enunciou os temas principais tratados no Sínodo.

O Rabino Ron Kronish, diretor do Conselho de Coordenação Inter-religiosa em Israel, falou da necessidade de um melhor conhecimento do cristianismo no país.

A sra. Yisca Harani, investigadora especializada no Cristianismo, voltou a falar de como se recebeu o Sínodo em Israel.

Ao final destas intervenções, o representante do Ministério de Assuntos Exteriores de Israel sublinhou, com razão, que a presença cristã em Israel aumentou em número e que não deveria sofrer nenhum tipo de pressão. Expressou sua desilusão pelo fato de que, durante a Assembleia dos Bispos, algumas vozes à margem do Sínodo, mas com grande ressonância
midiática, levantaram-se contra Israel.


O auditorium do Instituto de Jerusalém para os Estudos sobre Israel ficou pequeno para acolher tantas pessoas que foram participar deste colóquio. A maioria era composta por israelenses, mas também se notava uma forte presença de cristãos residentes em Israel, entre eles alguns membros da comunidade católica de língua hebraica.

Este intercâmbio e os encontros que produziram se inscrevem em um contínuo esforço de diálogo e de compreensão recíproca. Se o Sínodo se dedicou fundamentalmente pra tratar das relações do Cristianismo com o Islã, é porque, como recordou Monsenhor Shomali, a presença cristã no Oriente Médio é uma minoria em um âmbito de maioria muçulmana.

Há que se recordar que os países muçulmanos representados no Sínodo eram Egito, os Emirados Árabes, Irã, Iraque, Jordânia, Kwait, Líbano, Síria, Turquia, Djibuti, Tunísia, Marrocos, Líbia e Argélia. Também aqui, na Terra Santa, em Israel e nos território palestinos, entre judeus e muçulmanos, a cristandade é uma minoria.

Porém, as mesmas questões que surgem das relações dos cristãos com o Islã e dos muçulmanos, surgem com o judaísmo e os judeus. Como conhecer melhor, como abrir-se ou perseguir um diálogo respeitoso, quais são os direitos e deveres dos cristãos nos países onde a religião condiciona a vida dos cidadãos... etc?

O debate foi bastante fervoroso para terminar em tão pouco tempo.

Mab

Jerusalem Institute for Israel Studies http://www.jiis.org/
Jerusalem Center for Jewish-Christian Ralations http://www.jcjcr.org/
Interreligious coordinating Council in Israel http://www.icci.co.il/
Assemblée des Ordinaires de Terre Sainte http://catholicchurch-holyland.com/

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos
http://www.custodia.org/Cristianos-y-judios-discuten-en.html?lang=it

As escolas da Terra Santa se preparam para o futuro

Quarta-feira, 15 de dezembro. O Custódio da Terra Santa, frei Pierbattista
Pizzaballa, participou da reunião mensal dos diretores dos centros educativos da Custódia, as chamadas Escolas da Terra Santa.

O Custódio manifestou o desejo, para os anos que ainda lhe restam, de investir preferencialmente no sustento das escolas da Custódia, esperando, ainda que se apresentem novos desafios, poder discernir com os diretores e educadores as iniciativas a adotar.

O primeiro desafio é consequência das diferentes trocas legais impostas tanto pelo Estado de Israel como pela Autoridade Palestina. Trocas que, às vezes, acontecem muito rápidas. Nos últimos anos, essas mudanças afetaram as competências dos próprios diretores. Mesmo hoje a Custódia pode seguir dispondo de diretores franciscanos ou religiosos com o cível universitário e
linguístico solicitado (em árabe e hebraico ou, como em Israel, os dois)... Até quando será assim? Será preciso, algum dia, confiar a direção das escolas a diretores leigos?

Surge, então, o segundo desafio. Qual será, em tal caso, o modo de conservar a identidade religiosa e a espiritualidade franciscana?, como se poderá transmitir esta identidade aos alunos que em sua maioria são ou serão de confissão muçulmana?

É verdade que já há 201 anos a Custódia acolhe estudantes muçulmanos em suas próprias escolas, mas a oscilação das proporções interroga sobre o testemunho cristão no coração das escolas. E isto é, ao menos, o mais essencial, ainda que seja necessário fazê-lo de maneira ainda muito mais respeitosa.

De sua parte, os diretores, partilhando suas experiências e também as dificuldades, sublinharam a importância deste Departamento para as escolas. Manifestaram seu desejo de que este encontro, deste Departamento, converta-se em um lugar de avaliação que lhes permita seguir mais de perto as questões legislativas, expressando sua vontade de reunirem-se periodicamente, uma vez por região, para retomarem as questões legais, e uma vez todos juntos para discutirem as questões educativas que são as que se partilham com maior frequência.

A Custódia gerencia na Terra Santa dez escolas, e entre sete e oito mil alunos, mas cada escola está fortemente influenciada pelo lugar em que se encontra. O que tem em comum a pequena escola de Jericó, longe de todos, numa cidade da Cisjordânia onde vivem somente um punhado de cristãos, e a grande escola de Nazaré, onde os jovens cristãos árabes convivem de maneira bastante positiva em meio aos israelitas? Que relação há entre as escolas mistas, masculina e feminina de Jaffa, em Israel, onde a população árabe cristã está desaparecendo, e as escolas não mistas de Belém? Como respeitar estas diferenças e ao mesmo tempo manter uma linha de ação comum com relação aos meios e às competências que inspiram o mesmo espírito franciscano?

Estas são as questões que, de um modo mais visíve,l um Departamento para as escolas, melhor ancorado no coração da Custódia, poderá ajudar a enfrentar.

Mab

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos
http://www.custodia.org/The-Terra-Santa-schools-prepare.html?lang=it

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Antonio Barluzzi, um arquiteto italiano na Terra Santa


O que tem em comum a Basílica do Monte Tabor e a de Getsêmani? A fachada de estilo cruzado da
Flagelação e a tenda cúbica, quase cubista, do Campo dos Pastores de Beit Sahur? Um homem:
Antonio Barluzzi.

Arquiteto italiano, Antonio Barluzzi consagrou sua vida ao Senhor mesmo sendo leigo. Foi talvez a oração que o converteu em arquiteto incansável e que nunca deixasse faltar imaginação?
Em cada uma das 24 igrejas, hospitais e escolas que construiu ou restaurou, entre 1912 e 1955, Barluzzi adotou ao mesmo tempo um estilo antigo, como no Monte Tabor – cuja inspiração veio da
igreja de São Simeão, ao norte da Síria setentrional – e totalmente renovado como no Dominus
Flevit ou no Campo dos Pastores. Sua atenção se concentrou no pequeno detalhe, tanto na
arquitetura como na decoração dos edifícios, mosaicos, afrescos, vitrais, chegando inclusive a
desenhar as lâmpadas dos Santos Lugares.

Este é o personagem, atípico, nacionalista – como era normal na época –, fervoroso cristão, viajante incansável, que as duas conferências no Convento de São Salvador de Jerusalém fizeram reviver neste quinquagésimo aniversário de sua morte.

A primeira foi escrita pelo senhor Giovanni Maria Secco Suardo, amigo da família Barluzzi, que
infelizmente não pôde estar presente por motivos familiares. A leitura foi feita por frei Giorgio Vigna, comissário da Terra Santa para o Piamonte. Esta intervenção, cheia de anedotas, deu vida ao homem, ao contexto e à espiritualidade que animava o arquiteto. A segunda intervenção a apresentou a senhora Giovanna Franco Repellini. Seu encontro com Antonio Barluzzi ocorreu há alguns anos por ocasião de uma peregrinação à Terra Santa.

A arquiteta italiana, a sra. Repellini ficou impressionada pela criatividade de Barluzzi e, percebendo que toda sua obra não era tão conhecida, propôs a estudá-la e fazê-la conhecida. A conferência tinha como objetivo este apaixonante trabalho, cujo resultado, por falta de tempo e não de paixão, foi apresentado brevemente.



Os dois textos serão publicados brevemente no site da Custódia. Entretanto, os moradores da Terra Santa que tenham perdido a conferência, terão a oportunidade de visitar a mostra dedicada a Antonio Barluzzi, que será aberta ao público a partir da segunda-feira, 20 de dezembro no Christian Information Centre, por ocasião destas comemorações.

Ao final da jornada, o Custódio da Terra Santa afirmou que as propostas para a restauração
e adaptação dos Santos Lugares – algumas delas bastante extravagantes – não faltam. Além disso,
o aprofundamento no conhecimento do desenho que prevaleceu nos edifícios atuais demonstra
a prudência que se observou na conservação deste patrimônio, precioso testemunho de uma
época, de um estilo, de uma fé.

Mab


LISTA DE EDIFÍCIOS DESENHADOS, CONSTRUÍDOS OU RESTAURADOS POR
ANTONIO BARLUZZI

1. Igreja das Nações, no Jardim de Getsêmani
2. Igreja da Transfiguração, Monte Tabor.
3. Igreja do Hospício do Bom Pastor, Jericó.
4. Igreja da Flagelação (restauração).
5. Igreja da Visitação, Ain Karem.
6. Claustro de Belém (restauração).
7. Igreja de São Lázaro, Betânia.
8. Igreja dos Anjos, Campo dos Pastores, Belém.
9. Dominus Flevit, Monte das Oliveiras.
10. Igreja de Betfagé (restauração).
11. Escola feminina em Jericó.
12. Hospital em Ammán, Jordânia.
13. The Kerak Hospital, Jordânia.
14. Igreja das Bem-aventuranças, Galileia.
15. Patriarcado Armênio Católico, Beirut.
16. Igreja e outros edifícios em Ammán e Madaba, Jordânia.
17. Igrejas paroquiais de Beit Sahur, Irbid e Zerka.
18. Casa dos padres carmelitas, em Haifa.
19. Igreja do Monte Carmelo.
20. Convento de Santo Antônio, Jerusalém.
21. Mosteiro etíope (restauração).
22. Locais da legação italiana em Teerã (restauração).
23. Terra Santa School, Jerusalém.
24. Igreja grega da Santa Face e Santa Verônica, em Jerusalém (restauração).

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Chefe de Estado Maior do Exército Italiano visita a Custódia

Ontem pela tarde, o Chefe de Estado Maior do Exército Italiano, General Valotto, e sua esposa Maria, foram recebidos pelo Padre Custódio.

O General, em uma visita oficial a Israel, quis dedicar um dia de peregrinação à Jerusalém, com o Padre Quirico Colella OFM, que é o capelão dos soldados italianos no Oriente Médio por mais de 20 anos, que foi seu guia. Falando sobre as relações entre Itália e Israel, o General expressou sua gratidão e reconhecimento pelo memorial no Monte do Precipício, onde o Estado de Israel plantou árvores pelos soldados italianos mortos no Afeganistão.

O General e sua esposa disseram ao Padre Custódio sobre suas experiências de peregrinação e da intensidade de suas emoções durante o dia. O encontro terminou com uma troca de saudações natalinas e presentes e o Custódio da Terra Santa deu a medalha de ouro do peregrino ao Chefe de Estado Maior.

Marco Gavasso

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos

Nossa Senhora de Guadalupe, aquela que nos traz o Salvador

Com é tradicional, no domingo mais próximo ao 12 de dezembro se celebra a festa de Nossa Senhora de Guadalupe no convento de São Salvador, que neste ano reuniu, além dos estudantes franciscanos, alguns sacerdotes e fiéis sul-americanos e filipinos.

Nossa Senhora de Guadalupe, declarada “Rainha do México e Imperatriz das Américas” no ano 2000 pelo Papa João Paulo II, está no coração de todos os latino-americanos há cerca de 300 anos e no dos filipinos desde que o Papa Pio XI estendeu seu patrocínio a este país, no ano de 1935.

O Vigário Custodial, frei Artemio Vítores, presidiu a celebração. Em sua homilia, destacou a ternura que demonstrou a Virgem Maria com Juan Diego, para quem apareceu em várias ocasiões. O Vigário insistiu também na importância que estas aparições tiveram na evangelização das Américas, recordando naturalmente o papel que os franciscanos tiveram na dita evangelização. O Padre Artemio Vítores pediu aos fiéis que estas mensagens não se tomem como um testemunho do passado, mas, pelo contrário, convidou a assembleia a atualizá-lo e encarná-lo no presente.

Neste ano não houve procissão ao finalizar a missa, animada alegremente pelos violões dos estudantes. As ruas estavam pouco transitáveis e perigosas devido à areia que a tempestade trouxe do deserto com a chuva que tem caído.

Apesar disso, a assembleia se reuniu para compartilhar a alegria e degustar as especialidades típicas latino-americanas – especialmente mexicana – ao som da música.

Mab

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos

Comunidade católica indiana de Israel: a dois passos do Natal

No sábado, 11 de dezembro, cerca de 400 peregrinos católicos de rito latino e de origem indiana realizaram uma peregrinação de Jerusalém até Belém para se prepararem para o Natal. Há mais de 2000 católicos indianos na Terra Santa. Há um ano o padre Jayaseelan, da Ordem dos Frades Menores, é o capelão que se encarrega do caminho desta grande comunidade. “São imigrantes que vieram buscar trabalho em Israel. Com frequência ocupam os postos mais humildes e dão testemunho com o trabalho e a simplicidade da vida cotidiana sua essência cristã, inclusive aos irmãos de outras confissões que encontram na cotidianidade”, conta-nos o padre Jaya.

Com sua iniciativa, o padre Jaya organizou esta peregrinação como preparação para o Natal de seus fiéis. “É uma preparação física, menta e espiritual. Percorremos a pé o caminho que percorreram a Sagrada Família e os três Reis Magos e tentaremos reviver a experiência dos pastores, que foram os primeiros que se puseram a caminho para adorar o Salvador”.

“É uma experiência visível de nossa fé e da fé desta comunidade”, continua o padre Jaya com entusiasmo. “Esta gente vem de diferentes lugares de Israel, com suas famílias, com seus filhos. Hoje se unem para caminharem sob a bandeira da Igreja, da Terra Santa e da Índia, rezando, manifestando sua esperança e se preparando para o nascimento do Emanuel”.

Uma meditação no Santo Sepulcro, às 8h da manhã, deu início à peregrinação que posteriormente se diluiu pelas vielas da Cidade Velha até chegar ao Patriarcado Latino, onde Sua Excª, Monsenhor Shomali, bispo auxiliar de Jerusalém, recebeu-lhes com uma calorosa saudação e lhes deu sua bênção. Depois de uma breve oração na Porta de Jafa, começou uma longa caminhada acompanhada incessantemente por cantos e da recitação do rosário. Pouco
depois do check point para entrar em Belém, a chuva, tão esperada desde há muito tempo, surpreendeu os peregrinos que estavam a poucos quilômetros da chegada. Entretanto, o grupo não desanimou e continuou seu caminho cantando e rezando até o lugar, encharcados, mas cheios de alegria, a Basílica da Natividade.

Uma pequena representação em nome de todos participou da procissão da Gruta da Natividade com os frades franciscanos enquanto o restante preparava a santa missa. Uma celebração eucarística festiva pôs fim à peregrinação desta viva comunidade cristã, que fixou seu próximo encontro para 24 de dezembro na Terra Santa School Campus, de Jaffa, às 20h30, para
celebrarem juntos o Natal.

Marco Gavasso

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos.