segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Cristãos e Judeus discutem sobre o Sínodo dos Bispos para o Oriente


Uma vez regressados os bispos da Terra Santa da Assembleia especial do Sínodo para o Oriente Médio, multiplicam-se as iniciativas nos diferentes países para apresentar aos fiéis e a todos aqueles interessados nas reflexões as questões que se estudaram, as perguntas que foram feitas e os meios para levar a cabos as 44 resoluções finais que se publicaram por motivo deste momento tão intenso para a Igreja da região.

Um destes encontros foi o que se celebrou em Jerusalém na quarta-feira 15 de dezembro. Sua dupla originalidade se baseia, em primeiro lugar, no fato de que tal encontro foi organizado pela Assembleia dos Ordinários da Terra Santa em colaboração com o Instituto de Jerusalém para os Estudos sobre Israel (Jerusalem Institute for Israel Studies - JIIS), o Centro de Jerusalém para as Relações Judeo-Cristãs (Jerusalém Center for Jewish-Christian Relations JCJCR) e o Conselho de Coordenação Inter-religiosa em Israel (Interreligious coordinating Council Israel ICCI); e, em segundo lugar, pelo fato de que se desenvolveu em língua hebraica.

O primeiro grupo de oradores foi formado por pessoas que viveram o Sínodo do lado de dentro.

Monsenhor William Shomali, bispo auxiliar do Patriarcado Latino de Jerusalém, expôs as intenções e finalidades do Sínodo. Foi o único orador que utilizou o inglês para falar.

O padre Pierbattista Pizzaballa, Custódio da Terra Santa, falou – assim como na Assembleia de Roma – sobre a universalidade da Igreja da Terra Santa.

O padre David Neuhaus, Vigário patriarcal encarregado da comunidade católica de língua hebraica, evocou o papel importante da língua hebraica no Sínodo, descrevendo-o como uma agradável surpresa para os israelitas.

De fato, esta foi a primeira vez que a Rádio Vaticana abriu uma página diariamente atualizada em língua hebraica, realizando traduções e entrevistas. Este trabalho, sustentado economicamente pela Custódia da Terra Santa, funcionou durante a Assembleia graças à Hanna Bendcowsky, do Centro de Jerusalém para as Relações Judeo-Cristãs. Este serviço está programado para continuar, embora esteja interrompido até que se consiga criar uma equipe capaz de assegurá-lo a longo prazo.

Também interveio Hanna Bendcowsky, israelense e judia, para partilhar sua experiência em meio aos prelados e sua percepção sobre a dinâmica do Sínodo. Ela, entre outras coisas, não imaginava que um dia se encontraria fumando um cigarro e compartilhando café com homens de hábito... nada mais e nada menos do que os cardeais do Vaticano! Havia algo surrealista e apaixonado na forma em que Hanna viveu as relações judeo-cristãs e como o Centro de Jerusalém as expressou. Por outro lado, a reunião se abriu com um minuto de silêncio em memória de Daniel Rossing, fundador do centro e recentemente falecido.

Antes de Hanna, falou o Sr. Soubhi Makhoul, diácono e administrador do Exarcato maronita de Jerusalém, que falou da presença de leigos (entendendo por leigo o cristão comprometido mas não “clérigo”), em particular dos jovens e das mulheres nos trabalhos do Sínodo.

Depois destes breves testemunhos, houve outras três intervenções de judeus israelenses que falaram de forma mais geral sobre as dificuldades que subsistem no diálogo entre judeus e cristãos, e especificamente em Israel, sobre a ignorância ou a indiferença dos judeus com relação ao cristianismo, alimentando as polêmicas tradicionais.

O Sr. Ammon Ramon, investigador do Instituto de Jerusalém para os Estudos sobre Israel, enunciou os temas principais tratados no Sínodo.

O Rabino Ron Kronish, diretor do Conselho de Coordenação Inter-religiosa em Israel, falou da necessidade de um melhor conhecimento do cristianismo no país.

A sra. Yisca Harani, investigadora especializada no Cristianismo, voltou a falar de como se recebeu o Sínodo em Israel.

Ao final destas intervenções, o representante do Ministério de Assuntos Exteriores de Israel sublinhou, com razão, que a presença cristã em Israel aumentou em número e que não deveria sofrer nenhum tipo de pressão. Expressou sua desilusão pelo fato de que, durante a Assembleia dos Bispos, algumas vozes à margem do Sínodo, mas com grande ressonância
midiática, levantaram-se contra Israel.


O auditorium do Instituto de Jerusalém para os Estudos sobre Israel ficou pequeno para acolher tantas pessoas que foram participar deste colóquio. A maioria era composta por israelenses, mas também se notava uma forte presença de cristãos residentes em Israel, entre eles alguns membros da comunidade católica de língua hebraica.

Este intercâmbio e os encontros que produziram se inscrevem em um contínuo esforço de diálogo e de compreensão recíproca. Se o Sínodo se dedicou fundamentalmente pra tratar das relações do Cristianismo com o Islã, é porque, como recordou Monsenhor Shomali, a presença cristã no Oriente Médio é uma minoria em um âmbito de maioria muçulmana.

Há que se recordar que os países muçulmanos representados no Sínodo eram Egito, os Emirados Árabes, Irã, Iraque, Jordânia, Kwait, Líbano, Síria, Turquia, Djibuti, Tunísia, Marrocos, Líbia e Argélia. Também aqui, na Terra Santa, em Israel e nos território palestinos, entre judeus e muçulmanos, a cristandade é uma minoria.

Porém, as mesmas questões que surgem das relações dos cristãos com o Islã e dos muçulmanos, surgem com o judaísmo e os judeus. Como conhecer melhor, como abrir-se ou perseguir um diálogo respeitoso, quais são os direitos e deveres dos cristãos nos países onde a religião condiciona a vida dos cidadãos... etc?

O debate foi bastante fervoroso para terminar em tão pouco tempo.

Mab

Jerusalem Institute for Israel Studies http://www.jiis.org/
Jerusalem Center for Jewish-Christian Ralations http://www.jcjcr.org/
Interreligious coordinating Council in Israel http://www.icci.co.il/
Assemblée des Ordinaires de Terre Sainte http://catholicchurch-holyland.com/

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos
http://www.custodia.org/Cristianos-y-judios-discuten-en.html?lang=it

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