quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Natal 2010: mensagem do Custódio


Paz e bem: A saudação de são Francisco nos ajuda a saborear a eterna novidade do Natal, acompanha-nos para a verdade, afastando-nos de tudo aquilo que empobrece e torna ambíguo o significado desta festa. Não deixemos que passe em vão este enésimo, embora sempre novo, Natal.

O natal não pode deixar de inquietar-nos: é uma festa que parece ter perdido seu sentido mais íntimo e autêntico, e que nos leva a perguntar quem é para nós aquele menino, a ver Deus em um menino, a crer em um Deus que escolhe encerrar toda a sua grandeza na pequenez da nossa humanidade.

E o Natal não é somente Jesus que nasce em Belém, onde nasceu historicamente há pouco mais de dois mil anos atrás. Natal é Jesus, Filho de Deus, que também este ano, como a cada dia desde quando se é encarnado, para os homens do seu tempo e para cada um de nós hoje, espera que deixemos um lugar para Ele, espera de nascer no nossos corações. O Natal é um tempo de conversão. É aceitar e responder às esperanças de Deus.

Chamados pela fé a esperá-lo na sua glória, o Natal vem fixar a nossa atenção na infinita espera de Deus para que a humanidade encontre um lugar para Ele na história cotidiana, na vida de todos os dias, na solidariedade humilde que nos pediu Jesus mesmo, assegurando-nos: Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo; dizendo-nos também onde podemos encontrar os seus olhos e as suas mãos, por onde caminhar juntos e para onde dirigir o nosso olhar no horizonte pelo qual Ele voltará: pobres sempre os tereis convosco…

Não o deixemos passar em vão. Que a palavra de Deus nos ajude e nos guie a conservar a esperança, enquanto esperamos que venha o Senhor da Glória.

O menino Jesus nos livre do medo de estar no dia-a-dia da história, na solidão de quem não sabe fazer-se dom aos outros, e nos reúna em um movimento coral onde nos descobrimos transladados pelo amor e capazes, pela graça, de levar avante esta parte da história, única e preciosa, que o Senhor colocou entre as nossas mãos.

Que o Natal seja para todos esta conversão do olhar, de dar-nos conta de que o Reino de Deus avança, antes é já presente; que eu, nós, todos juntos, podemos fazer com que realmente se torne presente. Eis agora a necessidade de olhar a criação, olhar o mundo, olhar o Oriente médio, esta “nossa” Terra Santa – Terra de Deus e Terra dos homens – “do alto”, com o olhar de Deus. Façamos nossa, com audácia, humildade e força, com a coragem e a fantasia do sonho que se torna realidade se somos muitos a sonhá-lo, as palavras do Papa Bento XVI na inauguração do sinodo dos Bispos do Oriente médio: “olhar esta parte do mundo pela perspetiva de Deus significa reconhecer nela o berço de um plano universal de salvação no amor, um mistério de comunhão que se realiza na liberdade e por isso pede aos homens uma resposta”. A cada um é dada a responsabilidade de acolher a proposta Daquele que nos criou e que renova em nós, a cada dia, a sede de sermos felizes.

Não deixemos que passe em vão. Respondamos à esperança de Deus, que se fez menino para que pudéssemos andar até Ele como se Ele necessitasse de nós, por que a certeza da nossa esperança está no saber que Deus nos espera, pacientemente, desde muito tempo.

Acolhidos pela Sua esperança, renovados pelo seu perdão e pela sua graça, homens de misericórdia e de reconciliação, de liberdade e de justiça, seremos capazes de escutar – em meio aos ruidos da nossa confusa realidade – o anúncio dos anjos: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados.

Feliz natal!

http://www.custodia.org/Natal-2010-mensagem-do-Custodio.html?lang=it

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