quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

"Embaixadores” da Custódia no mundo: III Congresso Internacional dos Comissários da Terra Santa

Comissários da Terra Santa

Será realizado em Jerusalém o III Congresso internacional dos Comissários da Terra Santa, dos dias 30 de janeiro a 4 de fevereiro. Um evento de relevo dentre os encontros periódicos aos quais os Comissários são chamados para o confronto, troca e atualização recíproca, segundo previsto na legislação custodial. Os Comissários são figuras preciosas, podem ser definidos como “embaixadores” da Custódia da Terra Santa e funcionam como “pontes” entre a Custódia e os territórios a eles confiados, isto é, as diversas Províncias as quais pertencem. Como representantes da Custódia no mundo, colaboram no sustento e ajuda na sua missão, empenhando-se em diversas frentes: fazer conhecer e amar a Terra Santa, organizar e animar os peregrinos, recolher benfeitorias, cuidar das vocações orientadas à Terra Santa.

Os Congressos internacionais são compromissos muito esperados e atentamente preparados, e têm como objetivo cumprir a importante tarefa de aproximar as realidades da Custódia e dos Comissários, desenvolvendo e reforçando o diálogo entre as diversas partes, procurando assim responder as respectivas expectativas. No intuito de intensificar estas relações foram instituídos alguns meses atrás, sob explícita demanda e recomendação do Congresso Internacional dos Comissários anterior, realizado em 2006, o Escritório Custodial para a Coordenação dos Comissariados da Terra Santa. Trata-se de uma competência nova na história da Custódia, que surge para servir de auxílio ao governo custodial na relação com os Comissariados e na animação dos mesmos, e que tem entre seus deveres organizar os Congressos Internacionais.

No que diz respeito à internacionalidade que constitui uma característica histórica da Custódia da Terra Santa, também o Congresso dos Comissários contará com cerca de 110 participantes vindos do mundo inteiro entre os quais o Ministro Geral da Ordem, Frei José Rodriguez Carballo, o qual estará presente enquanto durar os trabalhos, como também a Cúria Geral, a Comissão econômica, a Cúria Custodial, os vice-comissários, especialistas, colaboradores, tradutores, secretários, fotógrafos, jornalistas. Um grupo variado e complexo, no qual estarão representadas as realidades franciscanas mais diversas de línguas, culturas e tradições, unidas no serviço à Terra Santa.

O programa de trabalho do Congresso, articulado em XXI sessões de trabalho, visa a individuação, comunicação e distribuição das oportunas estratégias de intervenção no que se refere a alguns problemas urgentes relacionados à Custódia e aos Comissariados. Os temas para aprofundamento compreendem alguns temas principais, para os quais estão previstos relatórios de especialistas que se concluirão com a formação de ao menos três perguntas, para indicar as pistas de trabalho para os grupos lingüísticos que após elaborar, apresentarão suas sínteses para a apreciação e discussão na assembléia, entre outros temas secundários, tratados através de breves comunicações voltadas a informar sobre alguns setores da vida da Custódia. As línguas previstas para o desenvolvimento dos trabalhos são: italiano, inglês e espanhol. Os três temas principais que serão submetidos à atenção dos Comissários durante este congresso serão: a situação econômica da Custódia e a contribuição dos Comissários, uma reflexão a partir das situações de crise e de incerteza econômica global, motivo pelo qual também a Custódia da Terra Santa se encontra em maiores dificuldades, dado que as necessidades aumentam enquanto a ajuda e recursos tendem a diminuir; as novas estratégias de comunicação da Custódia, um tema que pretende responder as novas expectativas e as novas exigências da comunicação atual, para as quais as estratégias tradicionais não são mais suficientes e que exigem a busca de novas modalidades de comunicação, instrumentos e conteúdos que façam apreciar e amar a Terra Santa; os aspectos pastorais e práticos da animação das peregrinações, com a realização de um texto de referência, ou seja, uma guia de trabalho, um manual que ajude aos Comissários a oferecer um serviço qualificado a Terra Santa e aos peregrinos que a visitam a partir de indicações fornecidas pelo Governo da Custódia. Em particular, um esboço deste texto de referência já foi enviado aos Comissários para que possam começar a examiná-lo e será novamente apresentado na assembléia plenária durante o Congresso por Frei Giorgio Vigna, responsável pelo recém criado Escritório para a Coordenação dos Comissariados da Terra Santa. Os grupos lingüísticos conduziram então um trabalho aprofundado de revisão e de re-elaboração do esboço, que será novamente discutido e submetido à aprovação de uma comissão designada. Ao término deste processo o texto será entregue ao Discretório para posterior aprovação e enfim, será transmitido ao Ministro Geral da Ordem.
O Congresso produzirá entre outros, um documento conclusivo dos trabalhos, também submetido a uma comissão, no qual serão indicados os temas levantados como tarefa das partes envolvidas, a Custódia e os Comissariados.

Texto de Caterina Foppa Pedretti

Fonte: http://pt.custodia.org/default.asp?id=2048&id_n=19174

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Festa do Batismo do Senhor no rio Jordão


Jericó, 8 de janeiro de 2012
Reaberto no ano passado pelas autoridades israelenses, o lugar ao longo das margens do Rio Jordão onde, desde o século V, se comemora o Batismo de Jesus, tornou a ser meta de muitos peregrinos, que agora podem visitar livremente este lugar, até os confins entre Israel e Jordânia. Aqui, na região do Deserto da Judéia, onde se estende a planície de Jericó, pouco distante da estrada para Tell es-Sultan, que hospeda a antiga Jericó e que conduz ao mosteiro greco-ortodoxo da Quarentena, as diversas confissões cristãs podem novamente celebrar as funções por ocasião da Epifania, que contempla também a liturgia do Batismo do Senhor. Também a comunidade franciscana da Custódia da Terra Santa, que por muito tempo comemorou o Batismo de Jesus na última quinta-feira do mês de outubro, como aconteceu até o ano passado, pôde finalmente organizar a tradicional peregrinação na data do dia 8 de janeiro, primeiro domingo que segue à Epifania, colocando-se de acordo com a linha do calendário litúrgico da Igreja Católica.

A comunidade franciscana, junto com o Custódio da Terra Santa, Frei Pierbattista Pizzaballa, participou com grande entusiasmo deste importante compromisso, onde participaram também muitíssimos cristãos locais, provenientes não somente das zonas israelitas e palestinas de Jerusalém, Jericó e Belém, mas também da Judéia e de outras regiões distantes. A este numeroso grupo se uniram também muitos peregrinos vindos da Jordânia para esta especial ocasião. A procissão, que partiu do convento do Bom Pastor, percorreu uma parte do deserto com cantos e orações, confluindo depois com as suas centenas de participantes, com a capela e com o altar situado a poucos passos das margens do Jordão. Deste lugar, descendendo uma breve escada, se chega ao espaço até o rio, onde, entre as palmas, foi preparado por ocasião um pequeno altar e ao redor dele foram colocadas algumas cadeiras para permitir às pessoas que assistissem à celebração da Santa Missa. Muitos, porém, não encontrando lugar na zona inferior, ao redor do altar, seguiram a celebração parados sobre a rampa de escadas, ao longo do balaustre do espaço superior.

A santa Missa, celebrada na presença das autoridades civis locais, foi presidida pelo padre Custódio, ladeado pelo Cardeal Giovanni Coppa, Núncio Apostólico emérito da República Tcheca, e por muitos confrades e outros sacerdotes concelebrantes. Durante a Santa Missa se desenvolveu também a cerimônia do batismo de quatro crianças da paróquia local, que tiveram um especial privilégio de receber este fundamental sacramento através da água do Rio Jordão. Do mesmo modo, no final da celebração eucarística, muitos quiseram aproximar-se do Jordão e banhar-se nas suas águas, derramando-se simbolicamente um pouco de água sobre a cabeça, recordando o gesto penitencial realizado tantas vezes neste lugar por São João Batista que Jesus mesmo, no início do Seu ministério público, aceitou receber (Mt 3, 13-17).

A peregrinação prosseguiu com a visita ao Mosteiro Greco-ortodoxo construído sobre o Monte da Quarentena, nome que remonta à Idade Média e está ligado à recordação, que aqui se conserva desde o século IV, dos quarenta dias transcorridos por Jesus no deserto e das suas tentações que, ao final deste longo retiro, Jesus teve que enfrentar em um grande confronto com o demônio (Mt 4,1-11). O belíssimo mosteiro, escavado na rocha, justamente sobre os montes que fazem fundo de Tell es-Sultan e que domina desde o nordeste a planície de Jericó, foi edificado até o final do século XIX pelos monges ortodoxos no entorno das grutas em que viviam os anacoretas do deserto que habitaram no lugar até o século V. Percorrido o caminho de grandes degraus que conduz ao mosteiro, o grupo, juntamente com os frades franciscanos, chegaram até o alto e pararam sobre o limiar do edifício para um breve momento de oração.
Acolhidos pelos monges Greco-ortodoxos que vivem neste lugar remoto, os peregrinos puderam apreciar a porta do mosteiro e imergir, por um breve tempo, na atmosfera deste sugestivo lugar. Cada um teve a possibilidade de visitar a igreja, correspondente a uma antiga gruta, e também o pequeno santuário ao qual se pode chegar subindo alguns degraus. Aqui, sobre o muro ocidental, há um nicho escavado na rocha onde se encontra uma pedra, marcada com uma cruz, que indica o lugar tradicional da primeira tentação de Jesus. Realmente esplêndido o panorama que se goza desta posição.

Jesus se apresenta no batismo de João colocando-se na fila com os pecadores, como se também ele fosse um pecador. Ele se faz próximo ao homem em tudo, aceita tudo por amor da humanidade e por obediência ao Pai e, por força desta sua magnitude e deste amor perfeito, o Pai O revela como o Filho predileto, o verdadeiro educador que deve ser escutado, o Bom Pastor a ser seguido. Escreve o Papa Bento XVI: “Jesus é aquele que “se abaixou” para fazer-se um de nós. Aquele que se fez homem e aceitou humilhar-se até a morte de cruz (Fil 2,7). O batismo de Jesus se coloca nesta lógica da humildade e da solidariedade: é o gesto daquele que quer fazer-se em tudo um de nós e se coloca realmente na fila com os pecadores; Ele, que é sem pecado, se deixa tratar como pecador (2Cor 5,21). [...] É o “servo de Deus” do qual falou o profeta Isaías (42,1). A sua humildade é ditada pelo querer estabelecer uma comunhão plena com a humanidade, pelo desejo de realizar uma verdade solidariedade com o homem e com a sua condição. O gesto de Jesus antecipa a cruz, a aceitação da morte pelos pecados do homem. Este ato de abaixamento com o qual Jesus quer conformar-se totalmente ao desígnio de amor do Pai e conformar-se conosco, manifesta a plena sintonia de vontade e de intenção que existe entre as três pessoas da Santíssima Trindade. Para tal ato de amor, o Espírito de Deus se manifesta e vem como uma pomba sobre Ele, e naquele momento o amor que une Jesus ao Pai é testemunhado a todos que assistem ao Batismo por uma voz do alto que todos ouvem. O Pai manifesta abertamente aos homens, a nós, a comunhão profunda que o liga ao Filho: a voz que ressoa do alto e atesta Jesus é obediente em tudo ao Pai e esta obediência é expressão do amor que os une entre eles. Por isso, o Pai coloca o seu agrado em Jesus, porque reconhece no agir do Filho o desejo de seguir em tudo à sua vontade: “Este é o Filho meu, o amado: nele coloco todo o meu agrado” (Mt 3,17). Esta palavra do Pai alude também, antecipadamente, à vitória da ressurreição e nos diz que devemos viver no agrado do Pai, comportando-se como Jesus”.

Texto de Caterina Foppa Pedretti
Foto de Alice Caputo


Fonte: http://pt.custodia.org/default.asp?id=2048&id_n=19009

sábado, 7 de janeiro de 2012

Festa dos Santos Inocentes em Belém

A Festa dos Santos Inocentes em Belém
Belém, Basílica da Natividade – Gruta de São José, 28 de dezembro de 2011
Enquanto a cidade de Belém retorna à tranquilidade, depois dos intensos e coinvolgentes dias do Santo Natal, a comunidade franciscana celebra, no dia 28 de dezembro, uma outra significativa festa ligada a este período natalício, ou seja, a Festa dos Santos Inocentes. A liturgia acontece na Gruta da Natividade, no interior da Basílica da Natividade em Belém. Ao longo da nave da Igreja de Santa Catarina, particularmente numa pequena escada escavada num sistema de antigas grutas, a gruta central se encontra no lugar denominado Gruta de São José. Ela se encontra ao lado da Gruta da Natividade, dividida posteriormente por um muro e sendo dedicada a São José. Recorda a visão que o esposo de Maria teve em sonho, quando o anjo o exortou a tomar consigo Jesus e sua Mãe e fugir para o Egito, porque o Rei Herodes estava procurando o Menino para o matar (Mt 2,13). No fundo da gruta, num patamar elevado, encontra-se um pequeno altar, que é acessado pela subida de duas escadas em seus dois lados. À esquerda, sob os fundamentos dum muro do tempo de Constantino, um arco preconstantiniano, que hospeda alguns nichos dos séculos I-II d.C. Ao lado, sempre à esquerda, se encontra a Gruta dos Santos Inocentes, dedicada às crianças mártires de Belém, mortos na tragédia comandada pelo Rei Herodes, depois que soube do nascimento de Jesus naqueles lugares.

Neste Santo Lugar, num clima de intimidade e recolhimento, na manhã de 28 de dezembro, Frei Artêmio Vitores, Vigário custodial, presidiu a Santa Missa solene, circundado por vários sacerdotes concelebrantes que encontraram lugar ao lado do pequeno altar, adornado com bonitas flores brancas para esta especial ocasião. Muitas religiosas participam na celebração: irmãs franciscanas, irmãs de Santa Brígida, irmãs do Rosário, irmãs de São José, irmãs da Madre Teresa de Calcutá, dentre outras, que encheram a pequena gruta. Nos lados e no fundo da sala, encontram-se também alguns peregrinos, atraídos por esta especial celebração, bem como alguns cristãos locais de língua árabe.

Na homilia, depois de evidenciar uma longa tradição onde é contextuada a Festa dos Santos Inocentes, que aparece nos antigos calendários desde o quarto século, Frei Vitores tece uma breve reflexão sobre o Santo Natal, sobre o Filho de Deus, que entra no mundo como um menino pobre, ao qual tudo falta, porém, infinitamente enriquecido pela Graça celeste. No mistério de seu nascimento se realiza o nascimento da Vida, da plenitude da Vida, pelo qual São Francisco, em cada Santo Natal, nos exorta a “fazer-se pequeno como o Menino” (2 Cel 35), para descobrir nos pobres e humildes a riqueza da Vida divina, que se faz frágil e escondida no meio de nós.

E as primeiras testemunhas deste Deus, que se fez Menino em Belém, as primeiras vítimas, os primeiros mártires solidários com Cristo, são propriamente os Santos Inocentes, que recebem com o seu dramático testemunho o batismo de sange, a palma e a coroa que lhes associa ao cortejo do rei messiânico. Porém, se a glória deste pequenos Santos infunde em seus animados sentimentos de ternura e simpatia, o seu trágico acontecimento, a atroz violência que sofreram transforma-se em protesto contra toda tentativa de golpear, violentar e destruir as crianças inocentes. Jesus mesmo exorta, com vigor, a não transgredir este mandamento: “Guardai-vos de menosprezar um só destes pequeninos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus”(Mt 18,10). Por isso, como também sublinhou o Papa Bento XVI, a Festa dos Santos Inocentes nos conduz a recordar e a rezar por todas as crianças que, ainda hoje, são vítimas de toda forma de violência, da falta de uma família, da pobreza material e cultural, do emprego de menores nos conflitos armados, do tráfico ilícito, das ações criminais. Por outro lado, aquela violência radical impede as crianças de realizar o projeto que Deus pensou pra eles, porque lhes é tirado antes mesmo do seu nascimento, pela prática do aborto. Enfim, Frei Vitores quis recordar especialmente os tantos cristãos mártires, mesmo os mais recentes, na Nigéria, Egito e Iraque e em outras partes do mundo.

Depois de um simples almoço, compartilhado com a comunidade franciscana local, Frei Vitores, acompanhado pelos franciscanos de Jerusalém e os estudantes da peregrinação a Belém, retornou à Gruta de São José para presidir as Vésperas solentes e comemorar mais uma vez aqueles pequenos mártires do tempo de Jesus. Ao lado do Vigário custodial, para as Vésperas, estava Frei Stephane Milovitch, atual guardião da Basílica da Natividade em Belém.

Texto: Caterina Foppa Pedretti
Foto: Marco Gavasso

Fonte: http://pt.custodia.org/default.asp?id=2048&id_n=18846&Pagina=1

Santa Missa Solene pela Festa de Maria Santíssima Mãe de Deus e Jornada Mundial da Paz

Jerusalém, Igreja co-catedral do Patriarcado Latino, 1° janeiro de 2012
Jornada Mundial da Paz
Na ocasião do dia 1° de janeiro, festa de Maria Santíssima Mãe de Deus e Jornada Mundial da Paz, foi celebrada, segundo a tradição, a Santa Missa Pontifical na Igreja co-catedral do Patriarcado Latino de Jerusalém, situado no bairro cristão da Cidade Velha, pouco distante da Porta de Giaffa. O Patriarca, S. B. Mons. Fouad Twal, presidiu a solene celebração, ladeado pelo Monsenhor William Shomali, atual Bispo auxiliar de Jerusalém e também pelo Monsenhor Kamal Batish, Bispo auxiliar emérito de Jerusalém. Estavam presentes também numerosas autoridades patriarcais, muitas autoridades das Igrejas Católicas Orientais, superiores de muitas ordens religiosas presentes na Terra Santa além de inúmeros sacerdotes que quiseram participar como concelebrantes deste importante acontecimento. Também a comunidade franciscana local estava presente com muitos dos seus membros, entre eles o Secretário da Custódia, Frei Silvio De La Fuente, o atual guardião da Basílica da Natividade, em Belém, Frei Stephane Milovitch, além de numerosos estudantes e seminaristas. Entre as autoridades patriarcais, Padre David Neuhaus, Vigário patriarcal para os católicos de língua hebraica em Israel.

Os muitos concelebrantes encontraram lugar ao redor do altar mor, aos pés de uma estátua do Menino Jesus, enquanto à esquerda e ao fundo, atrás do altar, estava disposto um belo ícone de Maria com o Menino Jesus, ornada com várias flores. A Igreja estava plena de inúmeros religiosos e religiosas pertencentes às muitas famílias de consagrados que vivem na Terra Santa, de numerosos cristãos locais de língua árabe, de amigos, voluntários e colaboradores do Patriarcado e de outras realidades que trabalham na Terra Santa e também de pequenos grupos de peregrinos. Também estava presente na celebração de abertura do novo ano, entre os primeiros bancos, um representante dos Cavaleiros e Damas da Soberana Ordem Militar de Malta. A liturgia, enfim, foi animada de modo intenso e sugestivo pelos coros Magnificat e Yasmenn da Custódia Franciscana da Terra Santa, dirigidos por Hania Soudag Sabbara e magistralmente acompanhados pelo órgão de Frei Armando Pierucci, diretor do Instituto Magnificat, que é a escola de música da Custódia, em Jerusalém.

Tomando a palavra, antes de começar a homilia, Mons. Twal dirigiu uma particular saudação de boas vindas a todos aqueles religiosos, pertencentes às diversas congregações, que transcorreram o seu primeiro Santo Natal no serviço à Terra Santa e que, portanto, nestes particulares dias, puderam experimentar de modo alto e envolvente o mistério e o dom extraordinário dos lugares Santos. A reflexão do Patriarca se concentrou sobre temas que estão no centro deste dia de festa: a figura de Maria e o problema da paz. Numerosas as referências à Mensagem que o Papa Bento XVI redigiu para esta XLV Jornada Mundial da Paz e que quis apresentar uma perspectiva educativa, Educar os jovens para a justiça e para a paz, convidando a “escutar e a reforçar o importante papel das novas gerações na realização do bem comum e na afirmação de uma justa e pacífica ordem social, na qual os direitos humanos fundamentais possam ser plenamente expressos e realizados”. Diante da dificuldade e das preocupações que existem hoje com os muitos jovens em diversas partes do mundo, precisou Mons. Twal sobre a reflexão papal, é indispensável estabelecer uma nova aliança pedagógica entre todos os responsáveis da educação e da formação dos jovens: pais, educadores, professores, religiosos e sacerdotes devem trabalhar com os jovens para construir uma cultura de paz e promover o empenho para a reconciliação e para a abertura para outras culturas e religiões. Tantas são ainda as tensões que tornam difícil a conquista deste fundamentais objetivos, especialmente no Oriente Médio, onde os fermentos da “primavera árabe” nem sempre favorecem o crescimento da paz e da recíproca compreensão e onde “uma geração de jovens israelitas e Palestinos nasceu e cresceu sob a ocupação e sob uma atmosfera de violência”. Até mesmo Maria, Mãe do Senhor, nos ensina a olhar com confiança e esperança para o novo ano que agora começa e a valorizar com fé os três fundamentais eventos que marcaram 2011: o encontro inter-religioso em Assis, em outubro passado, que convidou para a oração pela paz a todas as religiões do mundo, à luz do Espírito de São Francisco, “Senhor, fazei de mim um instrumento da tua paz”, para que a paz tenha as suas bases no coração do homem, na sua conversão e na sua reconciliação com Deus e com a família humana; a “primavera árabe”, que gerou um profundo entusiasmo e grandes expectativas com relação à democracia, à paz, à justiça social, mas que esconde sempre o risco da degeneração nos extremismos e nos fundamentalismos. Assim, é de extrema importância para uma ação educativa dos jovens um componente essencial para abrir um efetivo horizonte de esperança e de nova proximidade nestes contextos; o vínculo da paz que nasce da Terra Santa e que tem tanta necessidade, para se tornar realidade, do empenho ao diálogo entre os líderes religiosos que, “enquanto vivem em um lugar pleno de memórias sagradas para as nossas tradições, experimentam quotidianamente as dificuldades de viverem juntos em harmonia”, da educação das novas gerações para a paz e para a mútua compreensão com os andamentos das escolas e de todas as outras instituições educativas locais. Enfim, é importante também a contribuição dos muitos peregrinos que visitam a Terra Santa e que tem a oportunidade de criar pontes de amizade e de solidariedade entre as diversidades, de modo que seja criada uma autêntica cultura de paz.

E se, concluiu Mons. Twal, os muitos empenhos educativos e pastorais que já espera a Igreja da Terra Santa em 2012 nos fazem entrever que “a paz está realmente chegando”, o Papa Bento XVI nos exorta a recordar sempre que “a paz não é um bem já alcançado, mas uma meta para a qual todos e cada um de nós devemos aspirar. Olhamos com maior esperança para o futuro, encorajamo-nos a trabalhar nesse caminho, trabalhamos para dar ao nosso mundo um rosto mais humano e fraterno, e sentimo-nos unidos na responsabilidade pelas jovens gerações presentes e futuras, em particular por educá-las para serem pacíficas e artífices da paz” (S.S Bento XVI, Mensagem para a celebração da \Jornada Mundial da Paz, 1° de janeiro de 2012).

Ao final da celebração, todos os participantes puderam cumprimentar e desejar um Feliz Ano para o Patriarca e para as outras autoridades nas dependências da cúria, encontrando-se para um simpático momento de convívio.

Texto de Caterina Foppa Pedretti.
Foto de Andres Bergamini

Fonte: http://pt.custodia.org/default.asp?id=2048&id_n=18856

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Tradicional saudação de Natal entre as Igrejas Cristãs da Terra Santa

Jerusalém, Convento de S. Salvador, 26-27 dezembro de 2011Nestes dias que seguem o Natal, entre os dias 26 e 27 de dezembro, os representantes das diversas Igrejas Cristãs de Jerusalém, sobretudo os que colaboram segundo as as normas do Status Quo, se encontram para fraternalmente fazer votos de boas festas, num espírito de sincera simpatia e abertura. Os primeiros a serem recebidos na Curia Custodial, no convento de S. Salvador, na manhã do dia 26 de dezembro, foram os Gregos Ortodoxos, aos quais seguiram no dia 27 de dezembro, os Armenos, Etíopes, Coptas e Siríacos. Os franciscanos por sua vez foram em visita até a comunidade Melkita para o tradicional encontro e votos natalinos.

Os convidados foram recebidos pelo custódio, Frei Pierbattista Pizzaballa, pelo vigário custodial, Frei Artemio Vitores, pelo secretário, Frei Silvio De La Fuente, juntamente a uma grande parte da comunidade dos frades. Estavam presentes também um grupo de jovens frades, estudantes no Studium Biblicum Franciscanum, que animaram a visita com alguns cantos acompanhados de violão e percussão.

Os encontros são realizados de acordo com um cerimonial consolidado, que se repete com regularidade nas diversas visitas: primeiramente o chefe da delegação saúda ao Custódio e a toda a comunidade dos frades, agradece pelo convite e faz os votos de um Santo Natal, desejando o melhor para o futuro e ressaltando os laços de amizade com os Franciscanos; o Custódio, por sua vez, responde do mesmo modo. São servidos liquores e doces natalinos, enquanto a conversação entre os presentes toma um tom mais informal, até que a visita chegue ao fim e os convidados se despeçam com cordiais saudações. Depois da Epifania, quando as Igrejas orientais celebram o Santo Natal, será o Custódio e a comunidade franciscana a se dirigirem em visita para retribuir os votos de natal.

Finalmente, na tarde do dia 27 de dezembro, aconteceu outro tradicional encontro na Custódia, de modo mais informal em comparação ao encontro com as outras comunidades cristãs, com o Patriarca Latino de Jerusalém, Mons. Fouad Twal, e sucessivamente com o Núncio Apostólico, Mons. Antonio Franco, com os quais o Custódio conversou sobre as recentes celebrações natalinas, que como de costume envolveu um complexo aparato litúrgico, organizativo e de segurança.

Texto de Caterina Foppa Pedretti
Foto de Marco Gavasso


Fonte: http://pt.custodia.org/default.asp?id=2048&id_n=18838&Pagina=1